sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Sobre a escrita, de Natalie Goldberg

"Sei  que  este  trabalho  que  faço  com  meu  cérebro,  tão  cansado  e teimoso, é o máximo de profundidade que conseguirei nesta vida. Não é a alegria ou o êxtase que às vezes sinto ou os lampejos momentâneos de iluminação, mas sim o contato com a essência da minha vida cotidiana, essa permanência e essa insistência em escrever que abrem, de maneira tão profunda, meu coração para uma ternura e uma doçura comigo mesma e, a partir daí, para uma compaixão reluzente por tudo à minha volta. Não somente  a  mesa  e  a  Coca-Cola  diante  de  mim,  ou  o  canudinho,  o  ar-condicionado,  os  homens  atravessando  a  rua  neste  dia  de  julho  em Norfolk, Nebraska, enquanto o relógio digital do banco pisca 4h03, ou a amiga que escreve à minha frente, mas as lembranças serpenteantes e os desejos profundos de nossa mente, o sofrimento que enfrentamos todos os dias. E tudo isso brota de mim naturalmente, enquanto movimento a caneta pelo papel e vou quebrando a casca dura e concreta da minha mente e das limitações que eu mesma me imponho.Portanto, ser escritor é algo muito profundo. É a coisa mais profunda que conheço. E creio que esse é o único caminho que poderei seguir pelo resto da vida. Preciso me lembrar disso hoje e sempre."

Natalie Goldberg, Escrevendo com a alma

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